Hoje é o meu último dia com 29 anos. Um dia normal, igual a todos os outros, poderá dizer-se… Mas não. Não é igual. Para mim, é o dia mais difícil de que me lembro.
Amanhã faço 30!
E não. Não é o estar a ficar mais velha que me assusta. Nem sequer as primeiras rugas ou os primeiros cabelos brancos. Até porque cabelos brancos já tenho uns 5 ou 6. Rugas, enfim, rugas são sinal de vida, de experiência, de sabedoria. Para mim, são marcas de respeito. De quem já viveu, de quem pode falar da vida, de quem sabe o que a vida é.
Também não me assusta as peles que começam a cair, a flacidez do corpo… Não, definitivamente isso também não me assusta. Corpo perfeito não o tenho desde os meus 16, 17 anos… Não o voltei a ter e não choro por isso. Este ano até decidi ficar mais activa, mover-me mais, andar, quem sabe correr, fazer exercício… Não por obrigação ou por pressões, apenas por mim, por gostar de mim, por querer gostar ainda mais.
A questão aqui é: Amanhã faço 30.
Porque são os 30 um marco tão importante? Porque são os 30 uma idade com tanto peso sobre nós? Porquê que a chegada aos 30 nos deprime? Deveria deprimir?
Creio que os 30 são o momento! Aquele momento! Aquela altura, amarga, sinistra, maldosa… A altura em que paramos na vida. Altura em que balançamos. Em que pesamos o passado. Vemos as conquistas que temos até à altura. O que idealizamos ter e ainda não temos, o que não esperámos ter e vivemos. Os 30 assustam.
Acredito que a maioria da população pense que “aos 30 já casei, já comecei a criar família, já tenho o emprego certo, garantido, a vida encaminhada”. E para os que conseguem tudo isto, parabéns! Mas e para todos os outros que chegamos aos 30 e não temos os nossos objectivos concretizados? Para todos nós que quisemos esses “30” e que agora não estão presentes?
Amanhã faço 30! Tenho amigos que realizaram esses objectivos. Eu não. Olho para as conquistas de outros, olho para as minhas conquistas. Não casei, não tenho filhos, não formei uma família. Nem sequer tenho o trabalho dos meus sonhos. Tenho um namorado, 2 cães, uma gata, uma casa. Tenho amigos, daqueles raros que são mesmo amigos! Tenho o meu pai, a minha mãe, o meu irmão, os meus avós… Não são conquistas? São! São conquistas porque criar laços é relativamente fácil, mante-los é o mais difícil. Eu mantenho laços.
Hoje tenho 29 e garantidamente que até amanha não vou casar, não vou ter filhos, não vou ter o emprego dos meus sonhos! Mas amanha faço 30. E uma coisa é certa: Vou ter a mesma
cor de cabelo, a mesma pele, o mesmo corpo, e, mais importante, vou ter as mesmas pessoas a meu lado!
Sim, a chegada aos 30 pode ser assustadora. Pode desiludir-nos e chegar para nos dizer “não conseguiste o que querias…”. E perante a sua chegada há duas coisas que podemos fazer: Chorar, lamentar, bater com a cabeça na parede, sofrer por tudo o que deverias ter e não tens. Ou então, valorizar tudo o que passaste, as tuas escolhas. As certas, as erradas, as que te fizeram sorrir e as que te fizeram aprender. Valorizar o tempo que passaste com os teus. Valorizar as tuas relações. As dificuldades que a vida te deu, a forma como as ultrapassaste.
E sabem que mais? Eu vou abraçar os 30 com toda a força! Porque eu posso não ter o que todos desejam para esta idade, mas tenho as minhas histórias, as minhas lições de vida, as minhas guerras, as minhas cicatrizes. Tenho tudo o que me faz ser o que sou hoje. Não sou perfeita, não faço intenções de ser. Mas sei que sou o melhor possível, dentro das escolhas que decidi fazer ao longo da vida! E isso, isso é o que me faz dizer:
Amanhã faço 30. E os 30 chegam para nos dizer “não conseguiste chegar onde querias…” e eu vou-lhes responder com um enorme sorriso: Cheguei muito mais longe do que tinha imaginado, tenho muito mais do que poderia ter idealizado, sou muito mais e muito melhor pessoa do que poderia supor, aprendi muito mais do que poderia ter pedido e só posso agradecer por isso. O mais importante tenho eu. E o pouco que me falta…talvez os 30 me tragam =)
Amanhã faço 30. Que venham os 40 para fazermos contas!
Aproveitem <3
Texto: Amiga Z
Imagem: Nós Mulheres
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